domingo, 26 de abril de 2009

Romantismo no "Frei Luis de Sousa"

Frei Luís de Sousa é uma obra típica do Romantismo Português, não só pela linguagem que apresenta (exclamações, reticências, interrogações) como também pelos comportamentos emocionais das personagens.
A presença, sistemática, do Amor desencadeia a tragédia e sobretudo o pecado, duas grandes características do Romantismo Português.

O confronto entre o indivíduo e a sociedade (Individualismo) é particularmente visível em D. Madalena, quando esta se indigna com a atitude arrogante dos governadores quererem habitar o seu palácio.

A religião aparece para suavizar o sofrimento trágico (tomada de hábito de D Madalena e Manuel Coutinho) e é, também, uma referência de todas as personagens.
O Patriotismo e o Nacionalismo, também presentes na obra, são características do comportamento de algumas personagens e situações, nomeadamente o acto patriótico de Manuel Coutinho ao incendiar o seu palácio e o Sebastianismo alimentado por Telmo e Maria.

Por fim, a morte, um dos temas mais característicos do Romantismo, surge como solução aos conflitos desencadeados no decorrer da obra: morte física de Maria; morte espiritual de D Madalena e Manuel Coutinho; morte psicológica de Telmo.
É de referir, também, que Garrett tentou “introduzir-se” na obra e para tal, utilizou Maria. Esta, como voz do autor, opunha-se ao destino a que os pais se propuseram.

No entanto, apesar de romântica, esta obra tem traços da Tragédia Clássica, pois podemos interpretar as diferentes situações com os elementos da tragédia: o Pathos (aflição de D Madalena quando interrogada por Maria); a Peripécia (as opções que Manuel Coutinho e D. Madalena tomam, a mudança que Telmo tem em ralação ao Sebastianismo); o Reconhecimento (a chegada do Romeiro); o Clímax (a decisão tomada por Manuel Coutinho em se suicidar para o Mundo) e, por fim, a Catástrofe (a morte, com diferentes sentidos, das personagens). Como se vê é uma obra multifacetada com traços muito específicos, mas que podem ser interpretados como um “Trágico Romantismo”.

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